Afinal 97% lambem

Estava numa reunião quando um mocinho se lembra de tirar um iogurte, abri-lo e lamber a tampa com a maior naturalidade do mundo.

Mas lamber como se tivesse sozinho.

Lamber cheio de convicção quase como se aquela fosse a melhor parte do iogurte.

Nesse momento pensei em duas coisas:

1. Eu não lambo as tampas dos iogurtes ou gelatinas que como.
2. Eu não precisava de ver o fiambre dele a esfregar com toda a força e desenfreado (tal qual labrador quando chega a hora de comer) como se não quisesse que aquele momento acabasse.

Agora eu não sei, porque não tenho essa vontade que pelos vistos (segundo um estudo qualquer publicado no grande mundo na internet) 97% da população tem. Mas eu não tenho. Talvez porque coma mais gelatinas do que iogurtes e por isso, as tampas das gelatinas não tenham restos da mesma.

Talvez porque nunca me habituei.

Não porque tenha vergonha de o fazer, mas porque não tenho qualquer vontade.

Não é sexy.

Não me apetece.

Mas, será que quem o faz quer passar uma mensagem como:

“Eu aproveito a vida até ao último segundo.”

“Eu faço o que quero à frente do mundo sem me esconder.”

Será que as pessoas que lambem as tampas são mais destemidas?

Mais atrevidas?

São aquelas que dão apertões ao mundo para ele rodar noutro sentido?

Ou serão apenas pessoas que têm vontade de lamber a tampa do iogurte e lambem, sem querer saber se estão sozinhos ou com pessoas estranhas?

Simplesmente isso…

Fiquei a pensar…

Mas, se 97% da população mundial lambe a tampa do iogurte e isso significa que são pessoas mais destemidas, atrevidas… será que os 3% (tal como eu) estão em Portugal?

Não acredito nesse estudo…

Eu não lambo e não vou lamber.

Não gosto.

Nada mesmo.

E se puder não ver alguém a fazê-lo… tanto melhor.