Crianças na internet

No outro dia recebi um e-mail de uma amiga minha que pedia que caso alguém do grupo de amigos dela tivesse fotografias da filha, quer sozinha quer acompanhada (por vezes em festas de aniversário) nunca as divulgassem via internet, porque tinha conseguido que o tribunal proibisse o ex-marido e pai da filha de fazer o mesmo, assim como a família dele.

E de repente começou uma troca acesa de e-mails a julgarem-na de obcecada e a dizerem coisas como:
“Estás a roubar a liberdade ao pai dela de agir naturalmente com a filha, um dia vais pagar por isso.”

E eu pensei:
“Está tudo crazy!”

A minha resposta para todos aqueles que se encheram de opiniões foi esta:

Sabem esta frase:
“Os filhos não são coisas ou objectos dos pais”
Não foi inventada por mim.
Já ouviram falar de agressores sexuais?
Calculo que sim.

Já que falam da liberdade dos adultos digam-me lá, e a liberdade da criança?
Perguntaram-lhe se ela queria aparecer em todas as fotografias das férias de Tavira?
Ah ainda é muito nova e daí não opina, mas tem direitos ou não?
Deixem a criança crescer e depois ela decide se publica as fotografias ou não, até lá, façam imensas sessões fotográficas, guardem para vocês ou mostrem aos amigos.
Lembram-se antigamente?
Álbuns?
Cena familiar?

E os predadores sexuais do Facebook não me digam que também não ouviram falar?
E o alcance que uma fotografia de uma criança inocente a brincar na praia chega…
E se de repente forem contactados pela PJ a dizer que a fotografia que publicaram no ano passado no Gerês está num site de pedofilia e que há uma cambada de nojentos que usam-se dessa fotografia para aquilo que sabemos?

Antes de julgarem esta Mãe… tenham calma!
Talvez ela esteja somente a proteger a filha.

Num caso semelhante o Tribunal da Relação de Évora diz o seguinte:

“Os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu belo prazer. São pessoas e consequentemente titulares de direitos. Se por um lado os pais devem proteger os filhos, por outro têm o dever de garantir e respeitar os seus direitos”

Também não fui eu que inventei.

30 Replies to “Crianças na internet”

  1. O problema não é partilhar ou deixar de partilhar mas a forma como se partilha. As redes sociais têm definições de segurança mas a grande parte dos utilizadores não as sabem usar.
    Partilhar a foto de uma criança é como partilhar a foto de um adulto, depende da situação, do contexto, colocar fotos de perfil em bikini é tão mau como colocar a foto de um filho.
    Não me digam que existe algum problema em colocar a foto de uma criança numa situação familiar em que só os amigos dos pais a podem ver. Porque isso é estupido. Ou alguém pergunta aos miúdos se querem ser fotografados para catálogos de moda ou serem filmados para vídeos de fraldas?
    O problema é que este mundo anda cheio de falsos moralismos, as redes sociais não causaram nenhum mal ao mundo, apenas tornaram mais visível a maldade das pessoas.
    Usem isso a vosso favor, já que conhecimento é poder, conhecer melhor as pessoas que nos rodeiam poderá ser muitíssimo útil.

    1. Oh língua afiada a sério?
      Em que mundo vive?
      Publicidade é uma coisa combinada com os pais e tal e gera dinheiro… logo os pais têm que estar preparados para isso…
      Depois há a vida real…
      Ai estas cabeças dos miúdos de hoje em dia que acham que as redes sociais são o melhor do mundo…

      1. Não percebi, porque é que “DIVUGAR” uma foto do filho, no seu facebook, tem a ver com Predadores Sexuais. É a mesma coisa que dizer que as crianças devem andar de burca porque “eles andem aí” já agora, as mulheres também, pois são sempre elas as grandes vítimas. Já agora, abaixo com os catálogos de roupa para crianças. Ah… e acabaram os anúncios televisivos onde entram menores de 18 anos. E as telenovelas também.
        Mas que raio de puxão à cabeça. deu agora às pessoas, com isto de andar a dizer que não se deveria colocar fotos de crianças.
        Telenovelas, anúncios televisivos. anúncios em geral, catálogos e meninos a passear na rua e a irem para a escola.
        Quanto a criança é que decide, que eu saiba até aos 18 anos, são os pais que decidem pela menor. Daí o obrigarem a ir para o infantário com 4 meses, isso sim é um crime. E a criança não tem voto na matéria. Aos 6 anos para a escola primária, e o garoto, mesmo que chore, grite e tenha dores de barriga, ele vai para a escola. Aos 13 quando tem uma crise, e decide que não quer ir mais à escola. ELE VAI. Não decide.

    2. Desde quando é possível conhecer muito bem as pessoas que nos rodeiam??
      Será que vê notícias? lê jornais?
      A maioria de casos de pedofilia é feito por familiares ou amigos da família…
      Útil é estar informada, desculpe que lhe diga.

      1. Pois é, por isso o melhor é nao mandar o menino para a escola. A pedofilia não se concretiza porque viste uma foto.

        1. ​É um facto que a pedofilia não se concretiza por uma foto, tal como diz, mas sabe que muitos casos de pedofilia começam por uma fotografia?? Será ainda que tem noção que pedofilia e pornografia infantil andam de mão dada?? Será ainda que entende que ter um “rebarbado” sei lá em que parte do mundo OU MESMO NO ANDAR AO LADO é devassa da vida do meu filho??
          Entendo claramente que nunca passou por um caso desses, e ainda bem. E até, atrevo-me a dizer que está mesmo muito pouco informada em relação a este assunto.
          Infelizmente, eu e a minha família não podemos dizer o mesmo.
          E sim minha senhora, tem a ver com segurança. Deixe-se de brincadeiras como a burca e isto e aquilo.
          É mãe?
          Se for, fique alerta porque os predadores sexuais da internet andam em todo o lado e sim, eles sempre existiram, mas com a internet chegam a muitas mais crianças.
          E espero que nenhum filho seu se cruze com um “predadorzito de meia tigela” (expressão sua), porque a acontecer-lhe um dia, garanto-lhe que mudará rapida e drasticamente o vocabulário e deixará de relativizar este assunto.
          Não se trata de moralismos, não se trata de nos armarmos em mães galinhas e obcecadas. Quem me dera a mim ter sido mais cautelosa do que fui.
          Agora tenho que viver com isto a vida toda…​

    3. Concordo consigo.
      Acho que o mundo da internet anda invadido com moralistas e pessoas a quererem ficar bem na figura.

    4. São pontos de vista. Acho que cada um tem que ser responsável pelas suas decisões de vida.
      Cada um tem a sua opinião. Respeito a sua obviamente.
      Mas concordo que o não falta por ai, são falsos moralismos em muitos temas, não só neste.

  2. António Pinto says: Responder

    Costumo ler todos os dias, mas raramente comento, mas hoje depois deste comentário que li percebo que ainda há pessoas que pensam que controlam a internet. Pois mas engana-se se acha que o facebook dá-lhe ferramentas infalíveis de segurança. Não se chama moralismo, chama-se protecção.
    Trabalho na área em questão e garanto-lhe que uma vez na internet, para sempre na internet.
    As redes sociais podem não ter causado nem bem nem mal ao mundo, têm a importância que as pessoas lhe dão.
    Eu não coloco fotografias dos meus filhos na internet porque se a minha família ou amigos o querem ver, podem sempre o ver ao vivo ou em fotografias lá em casa. Não preciso disso.

    1. Essa frase “uma vez na internet para sempre na internet” é muito forte, ainda que verdadeira.

    2. Nao se controla a internet, como não controla o mundo onde vive, a rua, nem a escola onde anda o seu filho. Daí, o melhor é colocar-lhe uma burca, não vá um predadorzito de meia tigela espreitá-lo pela janela, enquanto ele joga à bola no parque.

  3. Maria Guilhermina says: Responder

    Bom dia a todos,

    Provavelmente devo ser a pessoa “mais madura” a visitar o seu blog.
    Confesso que na minha idade há algumas coisas que me custam a acreditar.
    Tenho 6 netas e netos. Sou reformada e atenta ao que se passa no mundo.
    Sinceramente não fico descansada com os perigos que os meus netos possam sofrer simplesmente por serem crianças e por andarem na escola.
    Perigos de várias espécies. No que toca a crimes de pedofilia, penso que seja um assunto que preocupa todos os pais, avós, tios, padrinhos e a sociedade em geral.
    Na minha idade não entendo a necessidade de existirem fotografias dos meus netos, felizmente os meus filhos são mais dados à vida real do que estamparem lá as férias ou as viagens ou o que almoçam.
    Eu tenho facebook, acho piada, faz-me companhia mas é só isso.
    Coloco fotografias que tiro da internet, de flores, animais, sítios que acho bonitos.
    Custa-me ler que uma mãe para proteger os filhos tenha que pedir em tribunal. Há 50 anos nunca imaginei que um dia viesse a ler sobre isso.
    No outro dia vi uma reportagem na Sic Notícias sobre o perfil dos pedofilos e como eles trabalham em rede e fiquei assustada com os esquemas.
    Fotografias de crianças inocentes a serem usadas como objecto de prazer, é terrível, aliás mais do que isso, é nojento.
    Os perigos estão mesmo à nossa porta, só a abrimos se quisermos.
    Cada um é livre de fazer o que quer.
    Quem gosta e de sente realizado em colocar fotografias espalhadas pela internet que o faça e o contrário igual.
    Cada um terá que se responsabilizar pelo “depois”.
    Gostei da sua resposta e concordo: as crianças não são coisas, são pessoas e têm direitos.
    Criei 10 filhos, infelizmente só 8 estão vivos e somos uma família feliz sem necessidade de expor as nossas vidas, rotinas na esfera pública.

    1. Querida Guilhermina,

      Obrigada pelas suas palavras e sobretudo por ter paciência de me aturar e de me visitar no blog! 🙂
      Apareça mais vezes… nem sempre o assunto dá esta raia toda.
      Beijinhos para si e seus netos.

  4. Mª José Andrade says: Responder

    Grande confusão que para aqui vai.
    Este é daqueles assuntos que viram feridas. As pessoas não gostam que lhes toquem nas feridas.
    Eu também não, mas aguento.
    Até há uns tempos atrás colocava fotos minhas, do meu marido e filhas no facebook porque gostava de mostrar a minha linda família às pessoas.
    Assumo, porque os outros o faziam e eu tinha muito orgulho em mostrar as minhas meninas e suas caras larocas.
    Este ano em Março conheci uma rapariga no ginásio e ficámos amigas.
    Ela trabalha na PJ e contou-me tantas mas tantas coisas que desde aí nunca mais o fiz… Continuo a tirar fotografias mas não tenho necessidade de as publicar.
    E tenho feito uns albuns bem giros.
    E como já foi dito em cima, moralismo não é isto.

  5. Isto é mesmo coisas de mulheres ressabiadas que não sem usar a internet.
    Ainda está para vir quem me proibisse de por fotos dos meus filhos onde eu quiser.
    curem-se mas é!

    1. Pronto…tinha que vir o herói..
      Enfim… é uma tristeza..

  6. Eu farto-me de rir com isto tudo.
    Agora está na moda vir para os blogs ser “diferente”.
    Se há bloggers que colocam fotos dos filhos é só dizer mal.Se há bloggers que não concordam com esta exposição é só dizer mal.
    Oh meus meninos e meninas arranjem uma vidinha que a vossa deve tar fraca.

  7. Só me pergunto o que seria as vossas vidinhas sem internet. o facebook é o antro que vocês acham que têm amigos.
    Cresçam. Acordem. É só uma gigantesca rede de ganhar dinheiro que vos usa a todas para faturar milhões. E mesmo que apaguem as contas, ficam sempre lá. Acordem pá. Vêm para aqui falar como se percebessem alguma merd disto.

  8. O meu comentário inícial não foi aprovado e recebi um email a dizer que comentários com asneiras não são permitidos…
    E eu vejo aqui uma asneira em um comentário..
    Enfim.. é como as outras bloggers só aceitam o que lhe convém..

    1. Caríssimo,
      Se ler bem o meu email verá que digo: ofensas às outras pessoas que comentam.
      Asneiras é bar aberto…
      Quer ver?? Ahahahaha estou a brincar!
      Váááá… deixe-se lá de mau feitio e comente sem chamar nomes aos nossos amiguinhos presentes!

      1. Resposta mais TOOOOOP de todos os tempos! :))))

  9. Isto é um pouco como tudo o resto.
    Até que nos aconteça achamos sempre que os comportamentos alheios são exagerados. Mas às vezes mesmo nos achando um ás em segurança não estamos livres. Na minha família houve um caso de uma menina armada em adolescente rebelde que mantinha contacto através do facebook com um amigo (supostamente da idade dela), até que um dia decidiram encontrar-se. Felizmente não acabou mal e ele não era nenhum pedófilo, mas também não era nenhum miúdo de 14 anos como dizia, bem mais. Nesse dia descobrimos através da PSP que é proibido os menores terem perfis no facebook, mas que fica ao bom senso de cada família. Eu não sabia.
    A única coisa que acho exagerada e triste é esses pais não conseguirem dialogar e terem que resolver assuntos de família no tribunal.

  10. Dei-me ao trabalho de ler tudo e olhe sabe que mais?
    Se me apetecer por fotografias minhas nuas ponho. Ou da minha filha, ou até da minha mulher. Sou livre para isso e tudo. Ninguém pode decidir pelos outros.

    1. AHAHAHHA!
      O João é o maior! Muita bom!
      Ponha da sogra também… bora!

      1. Ao menos tem sentido de humor.. já não é mau…

        1. Nem tudo está perdido! 😀
          E olhe que se eu pudesse fazia o mesmo… (falo da sogra claro!)
          Ahahahah

          1. Isso já não posso, sujeito-me a morte certa. 😀

    2. ehehehe . não pode nada, João. O facebook apaga as fotos e ainda lhe bloqueia a conta de insistir 😛 😛

  11. Nós somos da opinião que se a fotografia não for reveladora da face da criança, senão revelar o sítio onde está, então a família fica contente em mostrar e não há perigos. Usem o paint para tapar a criança se quiserem.

    Agora a verdade é que quando crescemos não gostamos de saber que existe um álbum de fotografias em que estamos nus e que foi mostrado a meia família, quanto mais saber que existem fotografias espalhadas pela internet. Sim, porque mesmo que seja um perfil privado, a fotografia não mais sairá da internet. Facilmente fica ao alcance de todos.

    “O que tem que acontecer acontece” e já dizia a minha mãe “nunca coloquei brincos ou anéis à minha filha para ela não os engolir por acidente e quando notei ela estava com um anel na boca que era de uma criança que tinha estado no seu parque, aqui mesmo no meu trabalho” ou “sempre tive o maior dos cuidados com os meus filhos e o meu filho partiu a cabeça sem nunca me largar a mão”. Mas não custa prevenir em casos tão graves, não é?

    1. Tenho uma amiga minha muito engraçada que diz uma coisa parecida com a que a tua mãe dizia, mas ela diz assim: “Eu protegi a casa toda para a minha filha nunca partir a cabeça, quase que a obrigava a andar de capacete, bicicletas era um drama e depois para ela partir a cabeça bastou um dia deixá-la cair por causa de uns saltos altos que tinha calçados!”
      Por isso, é verdade que o que tem que acontecer…acontece. Mas às vezes não custa prevenir! Beijinhoooooos

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