Hoje venho tocar num tema bem delicado mas que vivi há pouco tempo.
Estava eu sozinha a almoçar no japonês, completamente concentrada a devorar o meu sashimi quando de repente oiço:
“Eles que olhem, não estou a cometer nenhum crime!”
Não tivesse eu esganada, até teria olhado para trás e tentado perceber o que se passava.
Mas senti que ficou um certo clima na sala e algum burburinho.
Eu continuava sem perceber nada, até que se levanta uma senhora do género da Isabelle Huppert, com um vestido justo (mas não too much) azul escuro pelo joelho e uns sapatos nude de salto alto e diz baixinho na mesa atrás da minha:
“Desculpe mas tenho que lhe dizer isto. Eu sou Mãe de 6. Todos mamaram, alguns até bem tarde e nunca promovi este tipo de espetáculo.”
Neste momento tive que largar os pauzinhos e ver o que se passava.
Começaram numa troca de postas de pescada que rapidamente me inteirei do que se passava.
Então a rapariga (na casa dos 30 e poucos) estava com um bebé e a dar de mamar praticamente em tronco nu no meio do restaurante.
Ao que parece teve nesses preparados várias vezes e como não gostou dos vários olhares começou a mandar bocas em alto para marcar posição.
Este senhora, que tal como ela disse, deu de mamar a 6 (VALENTE), foi tentar apelar ao bom senso da rapariga dizendo que há formas e formas de fazer as coisas.
E eu nunca na vida imaginei que este tema desse tanta confusão!
Jaasssuuuuuuus!
Lá se foi a paz do meu almoço!
Comer um bom sashimi para mim é sagrado e ser interrompida para ouvir falar de mamas e mamar era tudo o que não me apetecia, mas foi o que foi!
Aquilo parecia um cenário de guerra, de um lado os defensores das maminhas ao léu, do outro aqueles que tentavam explicar que um paninho na cabeça do bebé não faz o leite ter outro sabor.
Uns a quererem impor as mamocas ao léu, outros a quererem impor algum bom senso e no fundo todos queriam impor a sua crença.
Em menos de 5 segundos a conversa descambou para:
“Vocês não se importam de ver o vosso vizinho a bater na mulher até à morte mas importam-se de ver uma mulher com a mama de fora.”
“Viram a cara a violência infantil mas focam-se no dar de mamar…”
Eh pah e eu achei isto tão rebuscado que tomei uma decisão.
Caguei para o sashimi e para as mamocas ao léu e fui embora!
Porque na verdade não dou demasiada importância a coisas que não têm.
Cada um é responsável e consciente pelo que faz e pela invasão que faz na vida dos outros.
Quanto a mim, só queria mesmo era ter comido o meu sashimi tranquila.
Não viajo nestes extremismos.
Créditos da fotografia: Pixabay