Foi em puro e duro medo que entrei.
Não tenho vergonha de assumir os meus medos.
Entrei porque não havia outra alternativa.
Senão a nado.
E essa seria hipótese, mas as malas eram pesadas.
E a máquina fotográfica pouco impermeável.
Entrei a tremer das pernas e com as mãos cerradas de medo.
Adoro o mar, mas barcos nunca foi a minha cena.
Não tenho nenhum episódio triste para contar.
Mas simplesmente, não me apraz confiança.
Mas entrei, ainda que a medo, entrei.
Tentei sorrir mas a minha veia melodramática começou a surgir.
Enquanto o restante se sentava comecei a temer o pior.
Quanto mais peso, mais medo.
Lá fomos, todos e o meu medo que pesava mais que tudo.
A paisagem era implacável, durante segundos abstrai-me.
Mas poucos, muitos poucos.
E do nada, começa uma chuva descomunal.
Como nunca vi chover.
Não chegou de mansinho, chegou inteira.
Carradas e carradas de água.
E o pequeno e esguio barquinho a ficar cheio de água.
Era água por todo o lado.
O som era ensurdecedor.
As pessoas falavam e tentávamos ler os lábios.
O barulho era como uma banda sonora de um filme rodado na selva.
Tudo parecia estar em descontrolo.
Menos o sorriso dos habitantes locais.
Sorriam. Calmos e bem dispostos.
Já eu, comecei a patinar.
Não com os pés, mas com os pensamentos.
“E se eu morresse aqui?”
Não tivesse eu água por todo o lado, começava a escrever sobre isso.
Ao invés disso, fiquei atenta à agilidade do homem que tirava a água do barco com um balde.
E confiei que ele sabia o que fazia.
Continuava a sorrir, provavelmente vive isto diariamente.
Mas eu não.
Apesar disso, do medo fortíssimo, tentei manter a calma.
E de repente foi como se tivesse entre cenas de um filme.
Disseram ‘corta’ e o cenário abriu.
As torneiras fecharam e voltaram a devolver o sol ao decor.
E tudo continuou como se nada fosse.
A natureza é fantástica e o meu corpo não ter que ser transladado ainda mais.
Sim, sou melodramática. Com pitada de exagero, mas não tenho culpa.
Os meus pensamentos têm vida própria, eu só os passo para o papel.
Ou para o bloco de notas do iPhone.
Porque de memória, sou fraca.?
[ Texto publicado no Instagram]
Kanchanaburi, Tailândia
Créditos da fotografia: Maria Amélia®
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