Há uns dias que temos acordado com o céu nublado.
Aquele cinza que não é bonito nem feio.
“Está um dia de merda”.
É a frase que mais se ouve.
Eu antes também achava isso.
Andava de mota e adorava dias de sol.
Esses dias onde para além do frio ainda me limitavam a visão, deixavam-me danada. Danada com aquele F…
Sol. Sol é a minha cena.
Sou de sol, mais do que de chuva ou nublado.
Mas o céu é como nós, tem dias assim.
Há 11 anos atrás acordei neste dia e não me lembro se estava nublado.
Nem cinzento.
Lembro-me sim, que em cima da minha almofada estava mais de metade do meu cabelo.
Lembro-me que foi o dia em que decidi que já não dava para adiar.
“Vou rapar hoje!”
Tinha começado há tão pouco tempo o tratamento, mas este era tão agressivo que me deixou sem qualquer vestígios de pelos e cabelos no corpo todo.
Não me lembro se estava nublado.
Lembro-me que a almofada era um rosa pálido e que eu vestia um pijama amarelo.
Amarelo da cor da felicidade.
E tinha umas meias velhas dos Simpsons. Azuis…
Mas não me lembro se o dia estava cinzento.
Ou nublado.
Porque o que importa, não é a cor do dia, mas o que esse dia nos permite sentir e viver.
Por isso hoje, o dia está cinzento, mas o cinzento mais bonito que já vi.
Um cinzento do caraças.
Como eu costumo dizer:
“Um cinzento à Nova Iorque!”.
Porque o cinzento é o new black!
E sim, há dias de merda… mas não pela cor do céu.
Obrigada céu cinzento por hoje existires e eu reparar em ti.
Há 11 anos, não me lembro da cor do céu.
Não me lembro se estava nublado.
Ou cinzento.
Créditos da fotografia: Ian Schneider
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