Sempre tive amigos imaginários.
Não sei bem porquê, mas sempre tive.
E tinham nomes.
E lembro-me das cores que escolhi para cada um vestir.
E com cada um falava de temas diferentes.
Mas viviam comigo 24h por dia.
Eram os meus melhores confidentes.
E nunca me sentia sozinha.
Apesar de muitas vezes viver numa solidão estranha.
Mas eles estavam sempre lá.
E dormiam todos no lado direito da minha cama.
Hoje já não me lembro dos nomes deles.
Nem das cores que vestiam.
E perdi a inocência de falar com eles.
E a ingenuidade de os proteger como se existissem.
Mas dou por mim a pegar no lápis sempre que quero partilhar algo.
Sempre que a alegria colossal me invade.
Ou aquela tristeza penetrante que me faz falhar a voz.
E é nele –no meu lápis- que procuro o ombro.
Aquele ombro que às vezes vestia uma camisola de lã verde.
E outras um casaco de ganga rasgado.
Porque agora, o lápis é o meu melhor amigo imaginário.
♥
Créditos da fotografia: Annie Spratt