Ela cantou e depois chorou.
Há dias vou eu em passo rápido no Terreiro do Paço e encontro uma miúda sentada a olhar o rio e a cantar.
Afinada.
A dar tudo como se tivesse ali uma plateia.
Não estava lá ninguém e como ela estava de costas nem se apercebeu que eu parei.
Cantou com tanto sentimento que não fui capaz de ir embora.
Quando acabou eu disse: Bravo!
Ela virou-se, sorriu (ainda que tivesse os olhos cheios de lágrimas) e disse:
“Foi-se embora hoje. De avião. Foi-se embora.”
Ouvi pouco mais que esta parte:
“Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti
Mesmo assim, quero ver te sorrir…
E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três
Se quiser ser feliz…”
Mas foi o suficiente.
Créditos da fotografia: Maria Amélia®
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