“Mãe a que horas é que vamos buscar o avó na noite de consoada?”
“Oh Miguel já falámos sobre isso…”
Acabado de fazer 16 anos, o Miguel era um miúdo como tantos outros. Gostava de jogar à bola, de miúdas e viciado em telemóvel.
Cresceu com a Lara, a sua irmã mais velha, com os seus pais e seus avós que moravam mesmo ali ao lado.
Até hoje ele acha que é o neto preferido. A avó já partiu mas o avô resiste aos 93 anos e às vicissitudes de uma vida longa.
O avô Mário tem Alzheimer há 4 anos e há 2 que mora num lar perto da casa dele.
O Miguel vai lá sempre que consegue, sente que o avô fica muito feliz de o ver, mesmo que na maioria das vezes nem o reconheça.
O Miguel sabe pouco sobre a doença do avô, sabe apenas que ele já não se lembra dos momentos que viveram juntos.
“Eu sei que já falámos, mas eu queria que o avô viesse passar o Natal connosco!”
“Para quê?? Para ficarmos tristes e deprimidos por ele não nos reconhecer?? É para isso que o queres cá?? Para ele estar calado e com ar infeliz porque não vai saber quem é a cambada de gente à volta dele???
“Não mãe, não é por isso que eu o quero cá. Eu quero-o cá porque o amo muito e porque apesar dessa malvada doença ele é e será sempre o meu avô”.
Muito bonito este conto.
Infelizmente é a realidade de muitas famílias.
De todos os que li, este está na lista dos preferidos.
Obrigada Manuela 🙂
Beijinhos e Boas Festas!
Muito lindo!!!! Parabéns adoro ler a sua escrita, obrigada pelos bons momentos que transmite
🙂