Esta é uma pergunta que dificilmente alguém que tem tatuagens faz a uma pessoa que não tem. Acho que é a maior diferença entre as pessoas que têm e as que não têm tatuagens. Quem tem nunca quer saber porque alguém não tem.
Com a chegada do calor, chegam também as roupas curtas e… o preconceito alheio!
Confesso que até já nem me lembrava que as pessoas ainda batiam na mesma tecla.
No outro dia estava eu numa superfície comercial e reparei numa situação que me deixou a pensar.
Estava um agente da PSP de manga curta, mas com uma manga de cor bege vestida no braço direito. Ridículo! Absurdo!
Então os polícias são bonzinhos e não podem ter tatuagens. Os vândalos são maus e têm tatuagens. É assim que esta sociedade está em pleno 2015.
Não se orientem da cabeça não!!
Por muito que dê volta à cabeça, não consigo entender tal preconceito, senão vejamos:
“Vai uma pessoa no inverno, com o corpinho tapado, é espectacular, é bom rapaz, trabalhador, bom pai e filho e etc. Mas depois chega o verão e pronto… é um marginal porque afinal tem os braços carregados de tatuagens e é preciso estar alerta não vá ele puxar de uma arma.”
Preconceito ou ignorância mesmo?! Ou maldade? Ou estupidez mesmo. Ou gosto por escafiar a vida alheia?!
Ninguém obriga ninguém a gostar, nem tão pouco obriga a fazer. Por isso, se não gostam… não façam. Vão à Zara e comprem uma camisola igual à da Duquesa Kate, ou façam madeixas, ou pintem as unhas… mas parem de olhar para as pessoas com tatuagens com ar de repugno!
Evoluam! Estamos em 2015 usamos a tecnologia para tudo, somos modernos, comunicamos com o primo afastado que mora no Texas pelo chat do Facebook como se ele tivesse aqui ao lado, usamos e abusamos do Viber e do Whatsapp, vamos ao Youtube como se ele sempre tivesse existido e depois somos tão ignorantes que classificamos as pessoas por terem ou não tatuagens!
Vá láááaáá´! Deixem-se disso e já agora… deixem-se destas perguntas também:
“Não tens medo de te arrepender?’”
“E quando fores velha como vai ser’”
“E quando passar de moda?”
Ora bem pessoas, vamos ser práticos!
Bem sei que até podem ser perguntas inteligentes (algumas), mas há partida são questões pensadas antes de se fazer uma tatuagem, depois quem faz (na maioria) não é propriamente por ser moda, muito pelo contrário. E depois, a acontecer esses cenários a parte boa é que vocês também não têm nada a ver com isso! É só coisas boas para vocês…
Chama-se liberdade… e é tão bom, mas se for respeitada então… é maravilhosa!
E sim, podem haver assaltantes com tatuagens. Mas se bem me lembro anda por aí um senhor vestido de fato e gravata que era dono de uma instituição bancária, que não me parece que tenha tatuagens. Mas quanto a assaltante isso já são outros quinhentos! Foram milhões de euros a milhares de pessoas!
Mas tinha ar de pessoa confiável… nem tinha desenhos no corpo…
Eu pessoalmente gosto de ver tatuagens!!! não me aflige !!!
Beijinhos!
Concordo com tudo o que disseste! Não tenho tatuagens (ainda), mas tenho cabelo colorido e, apesar de ser facilmente reversível, considero que faz parte de mim como, sei lá, um braço. E bem vejo o que acontece quando passo na rua. As vezes que sou seguida por grupos a fazer comentários menos próprios. Ou as vezes que passam por mim e me gritam coisas aos ouvidos quando estou simplesmente sentada nas escadas a ler uma revista enquanto espero por alguém. Ou as vezes que já me chamaram maluca, satânica, entre tantos outros. Ou quando olham para mim de alto a baixo e se agarram as suas coisas com medo que os roube. Ou quando sou seguida por pregadores a dizer que Deus vai-me perdoar se deixar o Demónio. Podia contar tantas histórias. Outros amigos meus poderiam contar ainda mais, já que pelo menos 2 deles (um em Portugal e outro em Inglaterra, o que prova o quão espalhado é este preconceito) tiveram de receber tratamento hospitalar devido à carga de pancada que apanharam porque se “atreveram” a ter gostos diferentes, por gostarem de tatuagens, roupa preta ou cabelo colorido. Em Inglaterra foi preciso morrer uma rapariga, também devido a uma carga de pancada, para chamar a atenção das pessoas para o que acontece a quem simplesmente vai a passear na rua, mas por acaso se veste de forma diferente. Aqui no burgo não sei o que será necessário, já que nem noticiaram o assassinato dessa rapariga, limitando-se apenas a mencionar, para o shock value, que a polícia de Manchester ia começar a considerar esses ataques como crimes de ódio. Se tivessem dado seguimento a essa notícia, e olhado para as estatísticas, veriam a quantidade de ataques reportados. Eu vi. E um deles foi a esse meu amigo. Pessoas de estilo diferente em Portugal? Existem, tem os seus empregos e família e pagam as contas como toda a gente. Porque é que são tratados como cidadãos de 2ª é que não sei. Normalmente, as pessoas não se dão ao trabalho de irromper dentro de um estabelecimento e ofender quem lá trabalha. Então porque é que já me tem chegado aos ouvidos casos contados por amigos em que gente irrompeu pelos seus estabelecimentos de comércio (lojas alternativas) apenas para ofender ou tratar mal?
Olhando para tudo isto não sei qual é o futuro. Só sei que eu evito de andar sozinha na rua. Mais vale prevenir do que remediar.
(Peço desculpa pelo comentário enorme)
Bat Kisses
Oriana Bats
Olá Oriana,
Muito obrigada pela visita.
O teu comentário é exactamente o motivo para o qual eu escrevo este blogue.
Partilhar.
Agradeço-te por me teres dado do teu tempo a escrever este comentário tão real dos dias de hoje.
Confesso que me custou ler que evitas andar sozinha na rua não vá acontecer o pior, mas entendo que o faças.
Infelizmente as pessoas continuam a respeitarem-se muito pouco. Supostamente regem-se por valores que criam e transformam a vida das pessoas que consideram diferentes num inferno.
Há pessoas a morrer por causa do preconceito. Há pessoas a sofrer por causa do preconceito.
Não entendo o que faz as pessoas terem as cabeças tão bloqueadas que promovam tanto sofrimento alheio por alguém ter tatuagens, brincos, cabelo azul… que mal tem isso??
Nunca vou conseguir entender isso…
Deixo-te um beijinho e um muito obrigada!
Volta sempre e deixa-me a tua opinião. 🙂 Gostei muito!
Olá novamente.
Obrigada pelas palavras, pois nem sempre é fácil encontrar quem entenda esse sentimento. De início a minha mãe também não entendia, mas da vez que fui seguida pelos 2 homens religiosos a gritar coisas, foi com ela que fui ter. E aí ela entendeu, porque assistiu. Mas há muita gente que me acha exagerada quando conto alguns casos que me acontecem ou que acontecem a amigos meus. Apesar de nunca ter sido agredida fisicamente, vendo o que aconteceu a amigos meus (sendo que a agressão ao amigo português que mencionei no comentário anterior aconteceu numa escola que frequentei uns anos mais tarde, e onde já mostrava os meus gostos diferenciados), uma pessoa acaba sempre por ter receio. O meu namorado já presenciou um caso que me aconteceu (o do grupo de 6 rapazes que me seguiram) e nesse dia dei graças aos Deuses por não estar sozinha, porque nunca se sabe. É assustador quando passamos por um grupo, ele nos começa a seguir, nós paramos num local e eles param perto de nós (sempre a fazer comentários, alguns menos próprios, e sempre a alto e bom som) e voltamos a andar e paramos noutro lado e eles fazem o mesmo. E ninguém ajuda. Ninguém os confronta. Algumas pessoas olhavam-me como se merecesse. E isso é uma tristeza. Se eu estivesse sozinha e se algo me acontecesse, será que iriam continuar sem nada fazer e a olhar para mim como se eu merecesse o que me estava a acontecer? Não sei e até tenho medo de saber.
Se tiveres interesse neste tipo de casos, ou quiseres conhecer mais alguns e ver o quão espalhado e grave isto está (pessoas com gostos diferentes apedrejadas até à morte, colocadas em campos de concentração, assassinadas, mutiladas, tudo isto é real), podes sempre passar por estes 2 separadores do meu blog:
Notícias (onde relato casos que me chegam às mãos através de jornais e revistas): http://emonika.blogs.sapo.pt/tag/not%C3%ADcias
Aconteceu comigo (onde relato casos meus ou casos que me chegam às mãos por meio de várias ferramentas, mas que nunca chegaram a ter qualquer atenção dos media e que normalmente são contados na primeira pessoa): http://emonika.blogs.sapo.pt/tag/aconteceu+comigo…
Bat Kisses
Oriana Bats
Olá Oriana!
Confesso que ao ler o teu comentário fico de coração apertado.
Lamento imenso que tenhas que passar por essas situações.
Eu ao contrário das pessoas que não acreditam em ti, eu acredito e lamento profundamente que isso te aconteça.
Li as notícias dos links que enviaste e sinceramente fico triste… muito triste.
Quanto às pessoas que te perseguem, não as vou rotular de religiosos ou ateus, porque não quero ser como eles (preconceituosos)… para mim não passam de pessoas infelizes que não conseguem fazer deste mundo um lugar bonito para se viver e fazem mal a quem os rodeia e a eles próprios. Simplesmente porque não conseguem ver a felicidade nos outros porque não a reconhecem em si próprios.
Sei que é difícil e até perigoso, mas tenta ignorá-los. Preza pela tua segurança mas sê livre o suficiente para seres feliz.
E se escolheste ter cabelo azul, verde ou roxo… com certeza que te ficará muito bem! 🙂
Um beijinho Oriana e obrigada pela partilha. 🙂
Não podia estar mais de acordo quer com o post como com os comentários.
Beijinho Catarina 🙂