Hoje celebra-se um dos melhores dia do ano, o Dia Mundial da Criança.
Adoro crianças e adoro dias que sejam para celebrar.
Mas, ultimamente temos sido abalroados com notícias bem tristes que envolvem crianças.
Falo dos casos de violência extrema, bullying, tortura, massacre e morte espalhados por este país. Foi o que aconteceu na Figueira da Foz, em Salvaterra de Magos, Leiria, Nelas e, no fundo, em tantos outros lugares.
É sabido que o bullying, antes sem nome atribuído, sempre existiu. Mas também sei que, neste momento, o que se tem visto nas notícias é bem mais que isso.
E por não gostar de atribuir culpas sem estar dentro das situações, hoje escrevo para os vossos pais. Mas para todos, para os pais dos agressores e das vítimas.
Queridos Pais,
O que se passa com as vossas crianças? Vocês não sabem não é? Não sabem.
Falta de tempo? Se não têm tempo para um filho, têm para quê?
Não se aperceberam da tristeza no olhar do vosso filho?
Quantas vezes perguntam como correu o dia e se envolvem na vida dos vossos filhos?
Quantas vezes partilharam a vossa vida com eles, ao ponto de eles se sentirem especiais e confidentes ao ponto de fazerem o mesmo convosco?
Quantas vezes o viram triste e foram questionar à escola? Ou perguntaram a algum colega?
Quantas vezes foram indiferentes a actos de violência por parte dos vossos filhos e relativizaram?
Quantas vezes aceitaram o “não é nada” quando viram nódoas negras no corpo do vosso filho?
Quantas vezes ignoraram as queixas que faziam dos vossos filhos por eles serem agressivos com outros colegas?
Sabem onde estão os vossos filhos agora? A fazer o quê? A quem? E com quem?
Será que estão a ser agredidos e humilhados no meio de uma sala de aulas?
Ou será que estão a agredir alguém no intervalo da escola?
E você… é violento em casa? Está a criar um monstro sem controlo e manda-o todos os dias para perto de meninos equilibrados e felizes?
Dá-lhe bons conselhos?
Incita-o para a paz e amizade?
Explica-lhe a importância da forma como se posiciona na vida?
Diz lhe que o ama? Que tem orgulho nele?
Conversa com ele?
Não se lembra.
Não tem tempo.
I’M FEELING PINK AND BLUE porque para mim os meninos deviam ser todos cor-de-rosa e azul.
Lamento mas eu, ao contrário de várias pessoas que têm escrito sobre este tema, não consigo relativizar o bullying, não consigo e não quero. Abomino qualquer comportamente que envolva violência e humilhação. “Ah e tal, sempre houve mas antes não se chamava bullying…“. Sim meus amores, antes havia cancro na barriga, e hoje há cancro no estômago, pâncreas, fígado e muitos mais. Todos eles situados na barriga. Antes não havia hiperactividade, havia crianças com bichos carpinteiros. Talvez a isto se chame evolução… evolução quanto à nomenclatura, não ao comportamento. Por isso, eu quero lá saber se antes havia bullying ou não, eu só preferia que hoje já não existisse. Chateia-me muito saber que a nossa espécie evoluiu tão pouco nesse aspecto.
Sou 101% contra o bullying. E sim, eu acho que bullying é um grupo de cobardolas bater num miúdo, um grupo de cobardolas amarrar um miúdo num poste, despi-lo e fotografá-lo. É um cobarde mais velho fazer a vida negra a um miúdo. Sim, bullying é tudo isso, informem-se e não relativizem, só porque no vosso tempo na escola isso era o prato do dia. Se era, era bullying. Não relativizem, imaginem que a vítima é o vosso filho… E por vezes… acaba mal.
Nota:
Para a Mãe do menino de Salvaterra de Magos digo apenas que lamento imenso a tortura que o seu querido filho passou. Não imagino a sua dor.
Olá Maria Amélia, mais uma vez este texto é mesmo muito bom, mas hoje não concordo.
Acho que agora chamam bullying a tudo e fazem das vítimas uns heróis..no meu tempo havia sempre alguem que era “agressor” e alguem que era “agredido”, acho ate q fazia parte do crescimento.. hoje é um exagero o que se faz à vota deste assunto.
Respeito o seu comentário.
Somos livres de ter opiniões diferentes.
Um beijinho
Não podia estar mais de acordo com este texto.
A minha irmã mais nova é dita como “diferente” e durante alguns anos na escola foi vítima de bullying e nós – a família – só descobriu porque os progressos dela pararam e ao invés disso, entraram retrocessos até hoje.
E aqueles que deveriam ter evitado isso, como todos os educadores e professores que viram tinham a mesma mentalidade que todas as pessoas que dizem que sempre houve bullying, tentando quase que se esqueça o assunto.
Somos 4 irmãs, nenhuma de nós foi educada para bater ou ofender o próximo, se o fizéssemos éramos punidas, e hoje olhamos para o bullying da mesma forma que relatas neste texto.
A minha irmã mais nova, vive ainda hoje, muitos anos depois com os fantasmas dados por os “meninos” que supostamente só estavam a brincar…
Pois, o problema é a fatura pesada que se paga ao longo da vida… :/