Sou leitora do blog há algum tempo e quando começou a partilhar testemunhos da Corrente Positiva, quis partilhar a minha história mas há medida que iam saindo testemunhos tão fortes, hesitei, porque a minha história não tem nada a ver com isso.
Até que um dia, vi-a fazer um apelo para doação de medula óssea e mandei-lhe uma mensagem ao qual me respondeu logo a dizer que a minha história daria um importante testemunho.
Felizmente a minha história é muito feliz, o meu testemunho é sobre a oportunidade que tive de salvar uma vida.
Há uns anos atrás uma amiga minha fez uma campanha de doação de medula porque o irmão mais novo tinha leucemia.
Na altura, não fazia ideia do que se tratava, nem sequer dadora de sangue era, não por algum motivo em especial, simplesmente não era.
Hoje, consigo ver nisso um egoísmo profundo, mas na altura, talvez pela idade nem me apercebia.
E foi nessa altura, por causa da Filipa que fui fazer a doação de sangue para o banco de dadores. Lembro-me que nessa altura foi confuso, porque tive que me dirigir a dois hospitais diferentes, porque não estavam bem em sintonia com o que eu pretendia fazer. Hoje, as coisas estão muito mais claras, quer nas pessoas, quer junto dos hospitais.
Fiz a recolha de sangue, uma recolha muito simples, mais pequena do que qualquer análise e fiquei inscrita no CEDACE.
Nunca mais pensei nisso…
Passados 4 anos, estava de férias com o meu namorado em Sevilha e ligaram-me do CEDACE a convocarem-me para uma reunião.
Já nem me lembrava bem o que era o CEDACE e na altura não me mostrei muito disponível para falar, porque estava fora de Portugal.
Uns dias depois e já em casa voltaram-me a ligar.
“Há fortes possibilidades da Rita ser compatível com um paciente que está seriamente doente a precisar de um transplante.”
Fiquei gelada, confesso que o primeiro impacto foi uma espécie de medo. Depois percebi que não era medo de dar o próximo passo, mas medo da responsabilidade.
Seguiram-se idas ao hospital, reuniões, consultas, exames.
Depois de tudo confirmado, ou seja, depois de confirmarem tanto a compatibilidade como o meu estado de saúde, procedemos à marcação para a doação que foi logo passado dois dias.
Estava tão nervosa na véspera que não consegui dormir, não contei a ninguém, somente ao meu namorado que esteve sempre lá comigo.
Só pensava na ansiedade que haveria de estar a pessoa que iria receber o transplante, tentei saber mais sobre essa pessoa mas por questões legais nunca me disseram.
E pronto, está feito!
Custou-me um pouco, não vou mentir.
A recuperação foi mais lenta que o expectável porque constipei-me, mas tudo passou.
Faria tudo outra vez!
Lembro-me de um médico me dizer:
“O que já não estava nas nossas mãos, passou a estar nas suas. Salvar a vida àquela pessoa.”
Essa frase ficou-me para sempre, nunca a vou esquecer.
Quis partilhar o meu testemunho porque tal como eu, que antes não estava inscrita por falta de informação, há muitas pessoas que continuam a não fazer a recolha para a inscrição por não terem as informações correctas e assim se vão perdendo vidas.
São apenas 12ml de sangue recolhidos para a inscrição que podem salvar a vida de alguém!
Por favor, inscrevam-se porque no pior dos cenários, um dia podemos ser nós ou algum dos nossos a precisar.
Estão AQUI informações necessárias.
Nota: Fotografia meramente ilustrativa.
Créditos da fotografia: Rawpixel
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