Tim Vieira | As lições que aprendi com o Shark Tank

Iniciei-me no mundo dos negócios muito novo mais pelo prazer de investir do que pela ambição de ganhar dinheiro. Se gostarmos daquilo em que estamos a investir, mesmo não sendo o mercado mais lucrativo, a paixão acaba por resultar em dinheiro ou torna-nos em líderes no nosso ramo de negócio.

No entanto, ninguém neste mundo é bem-sucedido sem que aqui e ali seja «um tubarão». Pessoalmente, interesso-me e aposto constantemente na criação de relações «win win», mas sei que no mundo competitivo em que nos movemos é necessário, por vezes, mostrar parte dos “dentes afiados” que cada um tem.

Foi precisamente esta a visão que a primeira série do Shark Tank despertou nos portugueses. O programa colocou Portugal inteiro a falar sobre empreendedorismo e desafiou os portugueses a pensarem na melhor forma de começar um negócio. Mas não foram só os portugueses que aprenderam. O programa mostrou-me, ao longo de 13 episódios, que há boas ideias em Portugal e ensinou-me a ser um melhor empreendedor.

Fiquem a conhecer as lições que aprendi com a minha participação neste programa.

1.Há boas e más ideias

É como tudo na vida. Há boas e más ideias. Por vezes, há ideias que para nós são más, mas que para outros são concretizáveis. Os projetos que foram apresentados no Shark Tank e que não obtiveram investimento não são necessariamente maus projetos.

Os portugueses têm muito olho para o negócio. Fiquei realmente surpreendido com a qualidade não só dos investimentos, mas também das pessoas. O importante é não esquecer que são as pessoas que dão a cara aos projetos e isso foi bem visível no programa. Apenas limitei-me a ajudá-las, encontrando sinergias e expandindo os seus negócios, de forma a proporcionar ganhos para todos.

Ainda assim, admito que nem todos os negócios em que apostei serão bem-sucedidos. Alguns negócios não irão correr bem, mas é a vida. Não aprendemos só com o sucesso, aprendemos também quando falhamos. O que é importante é tentar e fazer melhor da próxima vez.

 

2.Mais do que capital é preciso apostar nas pessoas certas

Também percebi que alguns projetos não precisam de investimento, mas antes de uma boa rede de contactos. Às vezes, o mais importante não é o que sabemos, mas sim quem conhecemos. Um negócio para ter sucesso precisa de ter os contactos certos. Por vezes, não investimos num determinado negócio porque não temos o know-how ou os contactos necessários para que o projeto seja um sucesso. Porém acredito que muitas das ideias que não obtiveram investimento vão ter sucesso porque as pessoas que estão à sua frente percebem mais do seu negócio do que os sharks. Construir uma rede de contactos leva tempo. É preciso, antes de tudo, ter paciência.

 

3.Sem Marketing e Vendas não vamos a lado nenhum

Também verifiquei depois do Shark Tank que há muitos negócios que não se concentram em marketing e vendas e que têm todas as outras valências menos estas duas que, no meu ver, são as mais importantes. Sem marketing não há vendas, não há dinheiro e são todos despedidos.

O sucesso de uma empresa que se reflete nos resultados é fruto de uma estratégia bem elaborada e do trabalho em conjunto realizado por todas as áreas de negócio. E isso não seria diferente quando o assunto é alinhamento entre marketing e vendas. O setor do marketing e o comercial, responsáveis pelas vendas, não só precisam como devem ser parceiros fiéis em busca de bons resultados. Engana-se quem pensa que são áreas diferentes, pois uma tem tudo a ver com a outra. Aqui, os portugueses precisam de trabalhar mais!

 

4.É preciso inovar e explorar novos mercados

O nosso mercado lá fora é muito exigente e acredito que algumas ideias em Portugal são boas, mas só vão fazer break-even cá. Depois os seus impulsionadores vão ter de ir para fora. Ser empreendedor é também estarmos abertos à exploração de novas motivações, experiências e conceitos. O papel do empreendedor é, acima de tudo, identificar oportunidades, agarrá-las e encontrar os recursos para transformá-las num negócio lucrativo.

É não ter medo de arriscar, mas vontade de tentar, independentemente do mercado em que se encontrar ou para o qual irá trabalhar. Quando os empreendedores se aperceberem do sucesso que terão em outros mercados, não vão querer parar. O mundo já está muito mais aberto aos produtos portugueses. Por isso, o caminho está traçado, falta ser percorrido.

 

5.Trabalhar com amigos e não com inimigos

A amizade deve prevalecer em qualquer negócio e, ao contrário do que o ditado popular diz “amigos amigos, negócios à parte”, às vezes é mais fácil trabalhar com amigos do que com inimigos. Gosto mais de pensar na facilidade com que as coisas acontecem quando há uma base de confiança e amizade entre as pessoas.

 

Tim Vieira

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