No passado fim de semana vi um grande jogo de râguebi, onde no último movimento um dos jogadores da Agronomia falhou uma placagem que teria permitido à sua equipa ganhar. A Agronomia estava à frente, mas a reviravolta no resultado só surgiu mesmo no derradeiro lance de jogo através de Jorge Abecassis.
A CDUL marcou e a CDUL ganhou, sangrando-se campeão nacional de râguebi. O jogador que deu a vitória à equipa adversária ficou desiludido, não conseguiu parar de chorar e uma tristeza imensa apoderava-se do seu rosto. E eu consigo percebê-lo, principalmente quando se trata de um dos melhores jogadores em campo.
Por instantes fiquei a pensar nesta situação. Será que os da Agronomia falharam mesmo, será que perderam o jogo nessa última placagem ou será que perderam o jogo nos 80 minutos do jogo? Para mim, eles perderam o jogo aos 80 minutos. Uma das equipas devia ter garantido a vitória antes daquela última placagem, que acabou por ditar quem seria o vencedor. Houve muitas outras placagens perdidas, houve muitas oportunidades perdidas, no entanto, foi aquela única placagem que deu a decisão final.
O que se passou no Complexo Desportivo do Jamor também pode ser replicado na nossa vida e dia a dia. Tomemos como exemplo os problemas que existem num casamento. Quando se chega a uma altura e se diz “já não vale a pena, é melhor separar-nos”, não é uma ação que faz colocarmos um casamento em risco, não foi o facto de a pessoa ter sido apanhada, na última vez, a fazer algo que não havia… o que contribui para aquela decisão final é o acumular de situações e de eventos que sucedem ao longo do tempo.
O mesmo acontece nas nossas relações com os amigos, com a família, com as nossas crianças que não se baseiam numa só ação, mas sim num somatório de várias ações. Por vezes, basta uma ação para que o culminar de todas as ações passadas construam o resultado final.
Isto também sucede no mundo das marcas que usamos e das quais somos fãs. Às vezes construímos uma relação de confiança e empatia com marcas ou com celebridades durante anos, mas depois basta uma ação para moldar o nosso pensamento/opinião final sobre o que pensamos sobre essa marca ou celebridade.
Se passarmos para os negócios, verificamos o mesmo. Por vezes pensamos que o negócio correu mal porque um dos nossos clientes não cumpriu a palavra e não nos pagou. Mas esquecemo-nos que aquela situação foi o culminar de várias decisões que tomámos, de vários negócios que fizemos. Um acontecimento acaba sempre por levar a uma ação, muitas vezes à “espada para correr mal”.
Por isso, o meu conselho é que devemos pensar nas decisões que tomamos ao longo do tempo. Quando tomamos uma decisão temos de pensar se o fizemos tendo em contra uma ação momentânea ou uma causa dessa ação que já vem de trás.
Nunca se esqueçam que milhares de ações constroem um único resultado no final. Pensem e equacionem todas as ações porque nunca se sabe qual será a ação final.
Tim Vieira
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