No outro dia lá voltei eu ao dentista…
Como tenho mais medo daquela cadeira infernal do que levar com uma parede de betão na cabeça, tento sempre abstrair-me…
Ora leio… ora navego no telemóvel… ora dou fé nas conversas alheias.
E desta vez assisti a uma conversa que me envolveu completamente…
De tal forma, que até tiveram que me chamar duas vezes…
Estava mesmo absorvida…
Estavam duas amigas sentadas a conversar.
Deviam ter uns 40 e poucos anos…
Bonitas, bem arranjadas e com ar simpático.
“Mas não te dá vontade de virares a mesa e procurar ser feliz?”
“Sabes, a vida ensinou-me que eu não preciso ser extremamente feliz todos os dias. Basta-me ter saúde, basta-me que os meus pais estejam relativamente bem, basta-me ter amigos, trabalho e comida na mesa…”
Fiquei totalmente agarrada a esta conversa porque a mim ninguém me convence que posso viver às metades…
Quero tudo por inteiro!
No alto da compulsão!
Aquela rapariga bonita e cheia de bom aspecto, com um ar muito simpático estava “presa” a uma relação que não a fazia feliz mas que aparentemente era tranquila. Dizia ainda que até teve sorte (referindo-se à violência doméstica).
Mas aceitou viver assim.
Não quer dar o passo que a pode tirar dali…
A amiga quase lhe gritava a dizer que ela não precisa daquela relação para nada, mas ela calma e serena dizia que nem todas as pessoas têm que viver no pico da felicidade…
Entretanto tive que entrar…
Olhei para ela e segui caminho…
Deu-me vontade de abraçá-la…
Será que há alguma história por trás disto ou será que ela aceitou mesmo que não precisa de se sentir totalmente feliz com a vida que tem?
E que prefere agradecer pelo que tem do que queixar-se por não viver uma história de amor…
Créditos fotografias: Langll
Nossa, que tristeza viver assim, conformada com uma vida tão morna… mas se ela está feliz assim… quem sou eu para questionar, certo? Mas também sou dessas que está sempre buscando mais Maria!
Fiquei triste só de a ouvir falar..,