Eu sou daquelas pessoas que gostam de histórias com princípios, meios e fins felizes.
Gosto de vidas felizes, de pessoas que sorriem com os olhos.
De borboletas no estômago.
E arrepios na pele sem mais nem menos.
Gosto de velhinhos de mãos dadas.
E de ouvir chamar querida.
E apesar de perceber que por vezes o fim é a única saída, confesso que não gosto.
Não gosto muito de fins, mas entendo que sejam necessários para novos começos.
E que na maioria das vezes podem ser alavancas.
E que ninguém está preso a ninguém.
E que há aquela frase que diz: nascemos sozinhos, morremos sozinhos.
Ainda assim, não gosto de ver sonhos destruídos.
Expectativas defraudadas.
Ela andou mais de 2 anos a preparar o grande dia.
Vestiu aquele que foi o vestido de noiva mais bonito que já vi.
Ainda hoje sinto o cheiro bom das flores da igreja.
Foi tudo pensado ao pormenor e não poderia ter sido um dia mais bonito.
Soube ontem que acabou.
Acabaram os sonhos em comum.
Acabaram os olhares na mesma direcção.
Acabaram as cumplicidades.
E agora aquele dia faz parte de uma recordação enfiada no álbum.
Num álbum que irá ficar para um deles.
Porque cada um seguirá o seu caminho e o álbum é só um.
Tal como eles eram.
Só um.
Fiquei triste, porque não gosto de sonhos que acabam.
Mas se a felicidade passar por outra rua, então o caminho é por ai.
Só desejo que colem rapidamente os cacos que se partiram.
Que costurem os sonhos que se desencantaram .
E que sigam em frente, vivendo um dia de cada vez.
Se possível em paz e com capacidade de voltar a amar.
Primeiro a eles, depois a quem vier de coração cheio.
Estou triste mas aqui, para o que der e vier.
Para mim, vai continuar a ser o vestido mais lindo que vi.
E o cheiro mais intenso que senti.
E como ela me disse:
“Tudo tem um fim.”
Créditos da fotografia: Rodion Kutsaev